Fortaleza e eu

Nasci em Fortaleza em meio à Segunda Guerra Mundial. Não havia razão para intuir o que acontecia no mundo.
Usava cueiros.

Depois, estudei o primário e o secundário no Farias Brito, primeira sede, na Av. Duque de Caxias.

Fui seguindo, curioso e me vi fazendo vestibular para administração, mas logo o Ministério da Educação “desvaleu” o que eu passara.
Ressabiado, no ano seguinte, emendei três: Direito, Administração e anglo germânicas. Passei nas três, mas só consegui fazer duas, Adm, de dia, e Direito, noite.
Tudo aqui em Fortaleza, no nascedouro da Universidade do Ceará que só passou a ser UFC, em 1965.
Matriculei-me em doutorado de direito da UFC e já quando, depois de dois anos, havia cumprido as aulas (a desembargadora Gisela Costa sabe  bem dessa história), por ter sido minha colega no tal curso,  que não valeu. MEC, de novo.

Assim, deixei de ser doutor.

Depois, outra tentativa, em Portugal, mas os patrícios acreditavam que iria tomar vaga de profissionais  de lá.  Era Ciências Sociais.Imagine.
Tenho, guardado, o meu projeto de tese, aprovado. Ficou nisso.

Em compensação, sou Consul Honorário do México ha’ 24 anos, com carteira do MRE.


Retorno ao passado:
Eu me apaixonara cedo pela cidade em que nascera.
Morava, menino, na Major Facundo, na Praça do Carmo.

No outro lado da praça, surgia o Ginásio Municipal de Fortaleza, exato onde fica hoje o Instituto do Ceará, do qual faço parte.
Gostava de ver livros, revistas, palestras de todas as naturezas, filmes, teatro, circos, comícios, bibliotecas, fazia “diário” (ainda tenho uns poucos) e assistia a missas celebradas pelo Padre Gaspar, então vigário da paróquia.

Eu já torcia pelo “Fortaleza”, pois meu pai, Francisco Bezerra de Oliveira, era o seu presidente.

Neste sábado, a cidade de Fortaleza completa 298 anos,  perto de chegar aos três milhões de habitantes.
Hoje, dirijo seguido por motocicletas pela esquerda e pela direita. Não são seguranças, mas motoqueiros nervosos.

Volto ao passado.
Fomos morar no Bairro de Fátima. Lá eu fundei o Girafa, Grupo de Instrução e Recreação Atlética de Fátima. Foi  assim que conheci  a historiadora Valdelice Girão. Tutoria.
Virei mundo, mas me aquietei por aqui, onde nasceram  filhas e netos, fiz as minhas vidas de jornalista pago, com coluna, depois, como empresário sem dinheiro de governo, escrevi meus livros, curioso do aprender e de acessar as entidades das quais hoje faço parte.
Parabéns a essa cidade que é morena, embora a chamem de ‘loura desposada’.Licença poética? Desculpe, Paula Ney.

João Soares Neto é da Academia Cearense de Letras, Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Bibliófilos e do Instituto do Ceará.

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